Projeto usa resíduo da ETE local para adubação de café e pimenta-do-reino; iniciativa pode reduzir custos e impulsionar a agricultura regional

Em 25 de junho de 2025, uma visita técnica marcou mais uma etapa do projeto que avalia o uso agrícola do lodo gerado pela Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Nova Venécia. A iniciativa está sendo aplicada de forma experimental em lavouras de café conilon e pimenta-do-reino do município, com o objetivo de transformar o resíduo em fonte alternativa e sustentável de nutrientes para o solo.

O projeto é coordenado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES) e apoio técnico da Cesan. A proposta é reduzir a dependência de adubos convencionais e dar destino ambientalmente correto ao lodo, que hoje é encaminhado para aterros sanitários.

As Unidades de Referência (URs) implantadas em propriedades rurais utilizam o lodo como fertilizante em cultivos de café e milho, sob acompanhamento técnico e com controle rigoroso da qualidade do material e das condições do solo. Antes da aplicação, o lodo passa por análises químicas e biológicas e, ao longo do experimento, são feitas medições comparativas entre áreas tratadas e não tratadas.

Na lavoura de café visitada, foram aplicados 14 quilos de lodo por planta. Após seis meses, foi observada melhora visível no vigor das plantas e na coloração das folhas, indicando um bom aproveitamento do fertilizante. Já no cultivo de pimenta-do-reino, além do uso do vermicomposto de lodo, o projeto adotou tutores vivos de gliricídia, técnica que evita o corte de árvores e reforça o caráter sustentável da ação.

Participaram da visita técnica o engenheiro agrônomo Luciano Firme e a química industrial Maria de Fátima Lima, ambos da Cesan, além do gestor do Polo Operacional da Companhia em Nova Venécia, Hevertton da Costa Ramos. Representando o município, esteve presente o técnico agrícola da Secretaria de Agricultura, Tertuliano Paulino Francischetto Filho.

A expectativa é que o projeto gere benefícios econômicos para os produtores e reduza custos operacionais da Cesan com transporte e destinação final do lodo. Além disso, abre caminho para o uso do resíduo em outras culturas e municípios do Noroeste capixaba, como Pinheiros e Conceição da Barra, que também contam com ETEs e lodos classificados como Classe B, aptos ao uso agrícola conforme a Resolução CONAMA nº 498 de 2020.

O plano de trabalho prevê dez análises ambientais ao longo de um ano, incluindo o monitoramento da qualidade do solo e o desempenho das culturas. O transporte e o armazenamento do lodo são feitos com segurança e controle técnico. Ao final do projeto, serão realizados dias de campo para apresentar os resultados a agricultores e gestores públicos, além do envio das informações à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Nova Venécia, responsável pela autorização da prática.

A iniciativa está alinhada a práticas ambientais, sociais e de governança (ASG). Ela promove a valorização de resíduos, fortalece a agricultura familiar, incentiva tecnologias sustentáveis e reafirma o compromisso da Cesan com a inovação e a economia circular.

Responsáveis pelo projeto:

– Felipe Gonzaga Maia – Engenheiro Agrônomo do Incaper
– Luciano Firme de Almeida – Engenheiro Agrônomo (Cesan)
– Maria de Fátima Lima – Química Industrial (Cesan)
– Hevertton da Costa Ramos – Gestor do Polo Operacional da Cesan em Nova Venécia
– Fernando Langa Dias – Técnico de ETE da Divisão de Operação e Manutenção Centro Norte da Cesan